Sobre as próximas mudanças na política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e do Federal Reserve (Fed):

A expectativa de um corte de 25 pontos-base por parte do BCE — o sexto consecutivo, em meio à desaceleração da inflação e aos riscos comerciais persistentes — pode impactar significativamente a taxa de câmbio do euro e o sentimento geral dos mercados. Segundo dados divulgados na quarta-feira pelo Eurostat, a inflação anual na zona do euro caiu para 2,2% em março, ante 2,6% no mês anterior. Já a inflação subjacente, que exclui os preços de energia e alimentos, recuou para 2,4% — o menor nível desde janeiro de 2022.

A queda da inflação, combinada à desaceleração econômica na zona do euro — agravada pelas tarifas elevadas impostas pelos EUA —, sustenta uma postura mais dovish por parte do BCE. Investidores e traders devem acompanhar de perto os indicadores econômicos divulgados hoje, bem como os comentários da presidente do BCE, Christine Lagarde, que poderão oferecer pistas sobre os próximos passos da autoridade monetária. Será especialmente importante entender como o BCE pretende enfrentar os atuais desafios econômicos e quais projeções está disposto a apresentar.

Nos Estados Unidos, o cenário é um pouco distinto. Um aumento de 1,4% nas vendas no varejo em março evidencia a resiliência do consumo, o que pode reduzir a pressão sobre o Fed para flexibilizar sua política monetária. Os comentários recentes de Jerome Powell, indicando que o banco central norte-americano não está inclinado a cortar juros no curto prazo, reforçam essa percepção — sobretudo considerando que as atuais pressões inflacionárias decorrem, em grande parte, das políticas tarifárias agressivas promovidas pelo presidente Donald Trump.

Ainda assim, os mercados continuam precificando a possibilidade de três cortes nas taxas de juros ainda este ano, em meio a temores de uma desaceleração econômica causada pelas tensões comerciais. Os dados econômicos divulgados hoje nos EUA — incluindo os pedidos iniciais de seguro-desemprego e os indicadores do setor de construção — poderão oferecer sinais importantes para ajustes nas posições de curto prazo.

Essas informações serão cruciais para definir as expectativas em relação às futuras decisões tanto do Fed quanto do BCE, moldando não apenas a dinâmica do mercado cambial, especialmente o par EUR/USD, mas também as estratégias de negociação de curto prazo.

Do ponto de vista técnico, os osciladores no gráfico diário indicam condições de sobrecompra, o que torna o EUR/USD suscetível a uma correção no curto prazo.